Os holofotes brilham sobre a multidão, e a tensão circula no momento que antecede a final do campeonato. Em questões de minutos, sua mente é surpreendida por uma jogada maravilhosa, calculada, inacreditável; e você grita emocionado. Você celebra junto da equipe que atingiu o topo e superou todos os desafios até aquele exato instante. Os jogadores, com o batimento ainda acelerado pela adrenalina, respiram aliviados, mas outros pulam, choram – soltam a tensão do momento que garantiu o título.
As maiores competições provam a necessidade de um dedicado treinamento para conquistar a taça de melhor do mundo. Esta é uma situação que ocorre em partidas de futebol, vôlei ou basquete, mas também acontece com os games. Mesmo assim, com tantas emoções e estratégias em jogo, jogar video game pode ser considerado um esporte?
Entre a trave e o xeque-mate
Trabalhar com este conceito é confrontar o senso comum que sempre envolveu a palavra. Para muitos, a prática esportiva é necessariamente física, quando, na verdade, ela pode ser mental e voltada para a competição.
O exemplo mais clássico do exercício estratégico é o xadrez. Ele é atualmente reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional como um esporte e, até onde sabemos, não é uma atividade que envolva o exercício do corpo. Os enxadristas ficam exaustos mentalmente, suam frio, calculam, estudam sem parar as estratégias mais efetivas para cada situação; há um preparo mental constante.
Competir é o ponto principal na prática esportiva. Assim como confirma a doutora na áreade Educação Física Paula Rondinelli, o esporte será sempre definido pela competição, sendo necessária uma federação que a regulamente e lhe defina regras, além de garantir as premiações dos atletas. Dessa forma, as organizações dos torneios ou desenvolvedoras já atuam como federações, mostrando qual será o meio competitivo a ser adotado pelos atletas.
Mas existem jogos que contam com esta dinâmica para uma prática profissional? Sim, e os exemplos estão cada vez mais presentes na comunidade brasileira de games.
As grandes competições
No mundo, há diversas organizações gerenciando torneios de jogos eletrônicos, como a World Cyber Games e a Electronic Sports World Cup. Ambas recebem atletas do mundo inteiro por meio de seletivas e oferecem grandes premiações para vários jogos. Além delas, campeonatos são organizados pelas próprias produtoras de jogos, como o World Championship para o League of Legends e a The International para o DotA 2.
As premiações chegam a ultrapassar US$ 2,8 milhões, como foi o caso do torneio organizado para o MOBA da Valve. E, se há tamanho dinheiro em jogo, haverá jogadores que se dedicarão horas e mais horas para receber as invejadas premiações.
O Brasil mostra ligeira representação internacional nos jogos competitivos, há mais de dez anos enviando representantes na WCG (recebendo várias medalhas nesse tempo) e quase conquistando uma vaga nas finais mundiais do MOBA da Riot Games.
Jogadores como Felipe “brTT” Gonçalves e Bruno “bit” Lima contam com uma rotina de treinos intensiva para garantir os primeiros lugares em competições de Counter-Strike e League of Legends, dispondo até de centros de treinamento pelas suas equipes.
Seriam eles, dessa forma, atletas especializados em seus jogos? Ora, com uma rotina tão dedicada e focada em treinos, eles “suam a camisa” para sempre refinar suas habilidades. Não é o que os atletas tradicionais também fazem?
Suando frio no controle do video game
E quando chega a hora de colocar todas as horas de prática em disputa, o corpo sente a adrenalina subir. Nesse ponto, os grandes competidores de jogos eletrônicos compartilham a mesma sensação que os atletas olímpicos em pleno desafio mundial. Um misto de emoções corre pelas veias de ambos, juntando dúvida, ansiedade e concentração.
A única diferença está onde cada um aplica a sua energia: enquanto os games são competições voltadas ao reflexo e ao trabalho mental, as atividades físicas irão definir o ganhador a partir do esforço.
Da mesma forma que os esportes tradicionais, os jogos competitivos também contam com torcidas, narradores, jornalistas e especialistas prontos para fazer a análise de cada ação. Uma estrutura profissional que cerca os competidores e acompanha cada movimento feito por eles. Não reconhece isso de algum lugar? Ora, muitos dos esportes tradicionais contam com isso.
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